Assunto altamente polémico e passional, a relação da religião musulmana à política dá muitas vezes lugar a debates estéreis e perigosos entre ignorantes e outros simplificadores. De um lado, os essencialistas estigmatizam o Islão como uma religião fundamentalmente política e incompatível com a modernidade. Por outro lado, os relativistas legitimam o fanatismo religioso, os regimes teocráticos ditatoriais e o terrorismo internacional como resposta proporcionada às atrocidades do domínio ocidental. Para contestar estas visões, este texto adopta uma abordagem histórica – sem pretenção de exaustividade – que permite traçar as linhas gerais e as evoluções importantes da instrumentalização política do islão no Magreb e no Meio-Oriente. O texto conlui desde logo sobre a necessidade de pôr fim, nos países europeus, à desconfiança geral em relação ao islão.