A criação de um grupo de trabalho palestino pela Intercoll é essencial no sentido do que acontece na Palestina é importante nos movimentos sociais atuais, e isto se deve a diversas razões:
- É uma sobrevivência do colonialismo da ocupação, combatido no século vinte por lutas de liberação nacional nos impérios franceses, portugueses, britânicos etc. e é, ao mesmo tempo, um caso bem moderno de tentativa, por parte da dita comunidade internacional, de manter seu empreendimento nesta região do mundo por intermédio de Israel.
- A Palestina está no centro dos debates que, ainda que não sejam recentes, tomam um sentido diferente em relação aos de algumas décadas anteriores, em um contexto que não é mais exatamente o das lutas anticolonialistas ou da apartheid da África do Sul, mas cujos fundamentos são os mesmos.
- Os movimentos de solidariedade à Palestina se desenvolvem em todo o mundo, com tonalidade e objetivos diversos, em parcerias com os campos de refugiados, de missões e delegações dos países nórdicos, com o BDS, o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções lançado por mais de 175 organizações da sociedade civil palestina em 2005 e através do apoio ativo aos prisioneiros políticos confinados nas prisões israelenses e que lembraram a urgência da situação deles por meio da greve de fome massiva de abril e maio de 2017.
- As pesquisas iniciadas há muito tempo por historiadores palestinos, israelenses e outros mostraram as mentiras da propaganda sionista sobre a realidade da criação do Estado de Israel e sobre o apoio internacional. Elas são prosseguidas e aprofundadas por um número crescente de universitários e pesquisadores independentes em todo o mundo.
- Algumas vozes se levantam corajosamente em Israel para denunciar a apartheid, apoiar o boicote (boycott from whithin, boicote vindo de dentro, em tradução livre) e pedir apoio internacional contra a injustiça feita aos palestinos.
Muitas questões principais se entrelaçam na caracterização do que se passa na Palestina e das perspectivas oferecidas aos palestinos: a questão do direito internacional; a questão do direito dos povos; a questão da impunidade no seio da “comunidade internacional”; a questão das alianças e do equilíbrio do Oriente Médio, etc.
O grupo de trabalho em fase de inicialização já se beneficia com contribuições de pesquisadores e de ativistas envolvidos nas questões palestinas. Ele propõe incentivar as trocas sobre a situação imposta à Palestina e aos palestinos em razão do êxodo de 1948 há quase setenta anos, entre os que partilham suas práticas de pesquisa e/ou de militância sobre as raízes e as manifestações desta situação. É o caso de formar um pensamento internacional sobre a Palestina por meio da ação.
Os campos são numerosos e existe a possibilidade de aprofundar e renovar as pesquisas e de serem utilizadas como ferramentas para ação. Podemos citar, nomeadamente: a assimetria das respectivas posições de Israel e da Palestina, força ocupadora versus nação ocupada; a desigualdade da ocupação dos territórios conquistados em 1967 e do muro construído nestes territórios; a anexação progressiva da Cisjordânia ocupada pelas colônias ilegais e ameaçada de anexação total por Israel; os bloqueios e os ataques militares sufocantes sobre a Faixa de Gaza e a dizimação de sua população; o estatuto discriminatório dos cidadãos palestinos de Israel; as divisões internas da resistência palestina; a máquina de guerra militar, financeira, ideológica, econômica, educacional e cultural de Israel; os aspectos positivos e negativos do apoio do orienta a Israel.