Nós definimos a Economia social e solidária como sendo o conjunto de empresas coletivas não-estatais (no sentido de atividades estruturadas por mulheres e homens ligados a um projeto comum) fundadas sobre a igualdade, a gestão democrática, a inexistência de fins lucrativos, mas também, segundo a nossa concepção, comprometidas de maneira consciente em um movimento de tranformação social e ecológica.
Economia social e solidária, economia cooperativa, economia popular...
Existem diferentes denominações pelo mundo que se aplicam globalmente às mesmas realidades definidas abaixo mesmo que elas cubram os limites, os posicionamentos políticos não-redutíveis umas às outras.
Da Índia ao Québec, do Japão à Itália, a Economia social e solidária gera respostas cidadãs às necessidades econômicas, sociais, ambientais, culturais das populações e constitue a base de alternativas democráticas.
A definição há muito tempo comumente aceita do termo, de Economia social foi, a partir do conceito de associacionismo, o agregado de cooperativas, grupos e associações. Essas diversas formas foram criadas mais ou menos em todas as partes do mundo com um lugar predominante para as diferentes formas de cooperação.
Mas evoluções se produem: assim, em vários países, a Economia Social e Solidária foi ampliada às ‘‘fundações’’ (das quais se conhece a heterogeneidade) e ao empreendedorismo social (do qual se conhece as ambigüidades). Desse modo a finalidade da produção, baseadas no interesse general, deve se articular com um funcionamento democrático.
Outras abordagens se afirmam, notadamente em relação aos comuns (mais de acordo com o conceito de Dardot et Laval do que as abordagens de economia comunitária defendida por Elinor Olstrom) ou com a autogestão.
O projeto Intercoll realiza a implementação de grupos específicos sobre essas duas últimas noções, grupos com os quais a Economia Social e Solidária de Intercoll deverá necessárimente e regularmente trabalhar.
Historicamente, a Economia Social é ‘‘ filha da necessidade”.
Ela é constituída e progressivamente ampliada a partir de iniciativas cidadãs coletivas contra um mundo dominado pelas violências liberais e a indiferença dos Estados quanto a elas.
Paralelamente às medidas das instituições de solidariedade das correntes filantrópicas, essas iniciativas pragmáticas são criadas sobre objetivos solidários por vezes muito modestos. O primeiro objeto das tontinas no mundo era o financiamento de funerais; na França uma das primeiras sociedades de ajuda mútua francesa se chamava “O centavo do lençol”.
Essas iniciativas populares necessariamente adotaram formas, e em seguida status, baseados na igualdade, na democracia, na solidariedade, no altruísmo. Elas encontraram no Século XIX os pensadores da transformação social, especialmente os “socialistas utópicos” que as “equiparam”, sem que tenha sido, entretanto, jamais definida uma teoria da Economia social.
Em cada país do mundo, elas são inscritas em seu movimento social.
Em vários países (Grã-Bretanha, Alemanha, Itália...) grupos e cooperativas se encontraram ligadas de maneira formal ou informal ao partido ou ao sindicato operário dominante.
Na França onde esse vínculo não será estabelecido, os militantes associacionistas, cooperativos e mutualistas são na proclamação e implementação da Comuna, em 1870, ou na criação das Bolsas do Trabalho, prefigurações do sindicalismo operário.
É através do movimento social em escala internacional que essas formas dinâmicas têm estabelecido vínculos com as formas análogas às suas fronteiras e além.
Essas iniciativas fundadas no envolvimento de mulheres e homens no centro de suas sociedades, foram confrontadas com as evoluções, as restrições do tempo delas. Intituições humanas, elas integraram em parte o seu desenvolvimento e diversificação.
Elas têm conhecido e ainda conhecem fases dinâmicas, tendências à banalização no ambiente capitalista, à institucionalização e à uma visão produtivista da economia.
Mas ao mesmo tempo que certas estruturas se afastam do pacto delas, dos valores e princípios que as fundaram, talvez como se nota, outros acham as dinâmicas mais importantes.
Com o grupo de trabalho Economia Social e Solidária de Intercoll, nós queremos tratar das formas mantidas vivas, ou emergentes, com nossa participação ou com a certeza de que as reconheçamos ao centro de forças sociais em movimento.
Os Fóruns Sociais Mundiais, as diversas manifestações de solidariedade internacional, as novas abordagens tranformadoras, em relação à questão central da propriedade coletiva não-estatal e à comunicação dos novos direitos, estão no centro da nossa iniciativa.
Isso sem ignorar o que as manifestção institucionais, como o Ano Internacional das Cooperativas de 2012 ou os Encontros do Mont-Blanc (Fórum Internacional dos dirigentes da ESS) podem se mostrar como convergências entre formas novas e tradicionais.
Essas convergências, essas dinâmicas se baseiam em grande parte sobre uma reflexão política emancipadora para criar e aprimorar, nas condições do osso tempo, as iniciativas cidadãs e populares do ESS assim como o que foi alcançado no meio do Século XIX.
O grupo de trabalho ESS de Intercoll, como todos os grupos de trabalho da Intercoll, se compromete em primeiro lugar no inventário de ferramentas numéricas proveninentes dos movimentos da ESS comprometidos com a tranformação social e ecológica ou podendo participar dos mesmos. Para isto, buscaremos a localização e publicação freqüente de importantes artigos dos movimentos em curso, na perspectiva de constituição de uma vasta rede de trocas na ESS a fim de co-desenvoler um pensamento internacional numa perspectiva de emancipação.