Os tunisinos perderam a esperança no seu país. Enquanto em 2011 pensavam que uma nova página tinha sido virada, em 2017, com mais de 50% dos jovens a querer deixar o país de acordo com uma sondagem da UE, a própria ideia de um futuro pessoal na Tunísia parece estar fora de questão. A morosidade política e económica do ambiente está associada, especialmente nas mentes dos jovens, ao desejo de viver noutro lugar, de descobrir algo diferente. E há cada vez mais pessoas partindo, por mar e por ar.
No debate público, esta tendência é ilustrada por dois fenómenos, a chamada migração "irregular" e a "fuga de cérebros", quase dois mundos separados se nos basearmos na compartimentação praticada pela imprensa e pela classe política. Dois mundos que nunca se juntam, nunca se encontram, que evoluem separadamente. Por um lado, as pessoas que são expulsas por causa da pobreza, por outro, as que buscam melhores salários ou uma existência mais confortável num dos poucos países que as acolhem de braços abertos.
Enquanto os meios de comunicação tendem a nunca estabelecer qualquer ligação entre esta "imigração irregular" e a "fuga de cérebros", os motivos por detrás destes dois tipos de migração são muito mais semelhantes do que nos levam a crer.