Já não estamos em época de falar de um movimento feminista no singular. Tal como surgiu na Europa no final do século XVIII, quando escritoras como Mary Wollstonecraft iniciaram a luta pelos direitos das mulheres, esse movimento estava ligado à afirmação da ideia democrática e ao surgimento do que o antropólogo Louis Dumont apelidou de homo aequalis.
Os homens eram declarados livres e iguais em direitos, mas as mulheres (tal como os colonizados e os escravos) eram desiguais em virtude da sua natureza. Este combate prosseguiu, ampliou-se, organizou-se e até se globalizou. A conferência de Pequim organizada pela ONU em 1995 caracterizou-se pelo surgimento de um discurso oficial sobre os direitos das mulheres entre os quais o de ter o controlo da sua própria existência. Utilizou-se aí também um novo conceito, o do « género », que indica que as relações de género não derivam da biologia, mas resultam sim de uma construção social, e que encoraja portanto a reavaliar as relações entre homens e mulheres.
Dayan Herzbrun Sonia