Nós, migrantes e organizações de migrantes envolvidas nas migrações de diversas partes do planeta, transitamos atualmente um mundo num processo tumultuoso, onde a questão migratória tem se tornado um tema central da agenda internacional. Hoje, quase um em quatro trabalhadores do mundo é migrante e enfrenta condições de profunda vulnerabilidade: exclusão, discriminação, exploração extrema, morte e/ou desaparecimento. Somos 250 milhões em ter atravessado fronteiras nacionais e 750 milhões em fazer exercício da mobilidade humana no interior de nossos países. Sob a globalização neoliberal, a migração se torna essencialmente um deslocamento forçado, incluindo os refugiados climáticos, o tráfico e a trata de pessoas, a migração por miséria e as deportações em massa.
Somos testemunhas diretas de que os muros, os nacionalismos exacerbados, a erosão do direito à mobilidade, os conceitos de “migração ordenada e segura” e a negação migratória, são sinais de um mundo atrapado nas suas contradições e seu passado. O atual Pacto Global sobre migrações empreendido a partir das Nações Unidas, reflete esta situação. Ele não vai para a raiz das causas estruturais da migração forçada. Tem como pano de fundo uma estratégia corporativa alinhada com o sistema imperialista em vigor.
A resistência a partir de em baixo e à esquerda é vital para atacar esses problemas estruturais inerentes à migração forçada e avançar para a construção de um outro mundo possível, um mundo no qual exista espaço para muitos mundos. Trata-se de programar e articular as mobilizações que promovam a cidadania universal para os 1000 milhões de seres humanos que fazem parte da mobilidade global.
Por conseguinte, nós associamo-nos aos princípios do Fórum Social Mundial e convidamos para construir o 8o Fórum social mundial das migrações que terá lugar em novembro de 2018 no México. Este Fórum tem uma concepção ativa e protagonista da migração. Para nós, migrar é resistir, é construir e transformar. Fazemos um apelo a todos os e as migrantes para se mobilizarem localmente e regionalmente rumo ao Fórum do México. Sabendo que milhões de migrantes estão envolvidos em situações urgentes e não poderão estar no México, este processo é também um convite para se mobilizar localmente, e nacionalmente.
O Fórum se constrói entre todas e todos. Nós convidamos vocês a se juntarem ou assistirem às atividades prévias (entre abril e outubro de 2018) ou durante o Fórum de México em novembro de 2018. Para participar, você pode registrar sua atividade (oficinas, encontros, conferências, assembleias, convergências e outros processos); tonar-se voluntário (animação, ajuda, logística, tradução…etc), enviando um e-mail para: fsmm2018mexico@gmail.com.
Migrar, resistir, construir, transformar
Vamos migrar todos·as, migrar o sistema
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